quinta-feira, março 24, 2005

Abstenção postal

(postal, de posts)
É correcto dar uma explicação pois não sou só eu que aqui leio sempre o mesmo jornal atrasado.
O primeiro e o segundo dias passam-se com o sentimento de culpa de nada ter escrito-publicado, mas em boa verdade vos conto que senti-me como se estivesse estendido numa praia dos algarves, deliciosamente ocioso e sem vontade nenhuma de sacudir a areia. Férias, quem não gosta desta palavra...
E também o trabalho, que tem picos, e tenho em mãos um deles para 'normalizar'.
Pouco tenho escrito, portanto, mesmo extra-blogue. Ontem foi um dia marcadamente 'literário' e a sua ementa foi assim: como entrada uns cogumelos salteados que estavam muito agradáveis, depois uma dobrada que, embora apetitosa e de condimentos cuidados, apaladada, revelou-se como farta e devolvi mais de metade da generosa dose. O meu companheiro na degustação foi este senhor, nome do jornalismo construído pela qualidade e que eu não conhecia pessoalmente. Da obra literária destacam-se dois títulos: "A sombra dos dias", por mim lido em 1981 e que me sobrevive na memória como um espantoso grito de direito à identidade - ainda por cima bem escrito. E o muito falado mas ainda não lido (falta que será sanada a muito curto prazo) Os leões não dormem esta noite", cuja génese ontem conheci pela boca dele, autor. É uma história curiosa, talvez um dia o meu relato dela surja noutra conversa pois nada tem de confidencial e é daqueles bocadinhos de conversa com que se constrói o prazer de ir ao café para dois dedos de conversa.
Bem, a dobrada teve aplauso e, pela tarde e noite as consequências devidas, nos doces faleceu em glória uma trouxa de ovos, eu, e ele levou de vencida uma mousse de chocolate.
O dia 'literário' teve continuação numa tarde que o despiu de copo, faca e garfo, pois só ao final dela - no local e e com a companhia que aqui denuncio, voltei aos prazeres de mesa, na sua líquida versão face à hora e à boa companhia. Pois a tarde foi passada em bem disposta conversa com o artista plástico moçambicano Lívio de Morais mas confinados à (ainda) possível 'sede' do novo "centro cultural luso-moçambicano", já em fase muito adiantada de legalização e empenhadíssimo em promover coisas boas, como, espero e quero também para tal contribuir, de algumas muito em breve se ouvirá falar.
E - claro! não só 'aviei' duas diuréticas pints, meio litro cada, com ela no tal acima linkado, com as palavras gostosamente intermináveis acerca de escritos, blogues, livros, toda esta tralha que nos faz gostar de cá andar, e continuou ao jantar que, regado a cevadas nacionais, combateu e por mim sem glória um caril de gambas à moda nepalesa. Apresento como argumento a dobrada para pouco ter depenicado, mas o que eu queria mesmo era conversa e, dessa, vim de barriga mais nobremente cheia que com a tal falada feijoada.
Pois a surpresa está guardada para o fim: a páginas tantas do caril de bichinhos, não muito espesso, de aroma discreto mas com a língua satisfeita e sendo os ditos de textura e sabor correctos, junta-se a nós esta senhora bloguista, tendo-se, então, a mesa alargado para outras capelinhas que com elas corri até às tantas e até a razão vencer a vontade de eternizar estes sabores de amizade, que se adensam pela distãncia que os torna materialmente tão parcos em relação à vontade de os viver.
Termino o lençol com algumas actualizações de links, matéria onde o meu desleixo tem atingido nomes que não se dizem.
O João Tunes já mora na casa nova ao tempo suficiente para ter forrado as paredes com o habitual bom gosto e boa escrita, acutilância e oportunidade, mas ainda não fiz a actualização do link.
Tal como o da nova morada da horta do jpt, fatiota nova que se deseja com o mesmo bom corte da anterior, divulgadora infatigável de informação cultural moçambicana, com o bónus de acutilantes comentários sociais e históricos e o ónus da cara e das loas ao Manuel Fernandes.
Há um outro que tenho de mencionar - e termino já: o blogue Buba. Já está à tempo demais um mail meu lá pendurado pois o bloguista escreve pouco, interregnos que se prolongam e poucas alteraçõas trazem à montra. Mas com recheio rico e, da primeira vez que o visitei, dei por mim a catar o baú, página a página. E a gostar do que li, para além do que discordei e de que o mail publicado dá fé.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Perfect! _ muf' com beijo dentro.

quinta-feira, março 24, 2005 3:30:00 da tarde  
Blogger th said...

Seu mangusso literário...literato...letrado...sei lá! isso...lol

quinta-feira, março 24, 2005 6:47:00 da tarde  
Blogger Madalena said...

Boa Páscoa para ti!
Lembro-me bem do Guilherme de melo em LM, do tempo de jornalista. O meu pai apresentou-mo uma vez na baixa, em frente ao John Orr. Quando o GM teve o célebre acidente e esteve internado na enfermaria onde o Samora era enfermeiro, conheceu também o meu pai, que era enfermeiro-chefe na mesma enfermaria.
Tempos!!!

sexta-feira, março 25, 2005 8:55:00 da manhã  

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