Querido computador:
Dominas-me, eu sei.
Olho o branco opaco que me cega e onde pulpito palavras, e digo não, que é falso e uma ilusão substituir tanto daquela porta para lá por horas sentado em frente a um monitor, que também dá respostas às perguntas mas, se se carregar no botão apaga-se ao contrário daquela porta para fora.
Mas sou eu e mais uns. Somos muitos, fica sabendo que, este post, muitos afiam-se para escrevê-lo. Dominas-nos, nós sabemos. Eis a diferença, não percebes meu querido computador?
Não, claro que não. Massificas-te o teu domÃnio e perdeu-se-te esse pormenor. Tu ligas-me, iluminas dias e noites no teu branco opaco para as nossas letras em negro, e eu escrevo-te e nós lemo-lo, e tu não sabes que o púlpito que me (nos) concedeste é-o em carta aberta que te faço, fotografia da máscara que me mostras quando te iluminas. Mas eu já vivia antes de te ter ligado a primeira vez, gesto de que tu nunca te orgulharás.
O dedo suicida ao outro de mim que se perdeu, um dia poderá sê-lo fatal para ti, meu querido computador.
Dás-me muito e muitas são as moedas de troco que te dou, tempo que falta para além daquele que era desperdiçado e que não deixa saudade, mais algumas coisas que deixasse de fazer e eram agradáveis. Contas complicadas de acertar.
Sabes que me dói a mão do rato, minha máquinazinha? Que, mesmo quando escrevo, há um formigueiro que se escapa nos dedos, qual choque eléctrico permanente, e acelero a busca das letras para as palavras num frenesim que tenta acalmar a marca que me fizeste, meu querido computador? Gosto de ti e detesto-te, eis-me sentado à tua frente e a dizê-lo, servindo-me de ti.
Dominas-me, eu sei e quis dizer-to para ambos pensarmos este novo viver, amantização com altos e baixos, dores novas mas também prazeres, tantos. As minhas narinas tremem enquanto cheiro em ti odores novos, sedutores, mas a mão e o braço dóiem-me e há o protesto animal da carne, sujeita à ditadura do teu rigor constante de máquina que quer ser alimentada pelo seu servo, eu, nós.
Meu querido computador:
Lê-me, porque eu escrevi-te mas há mais olhos postos em ti.
Olho o branco opaco que me cega e onde pulpito palavras, e digo não, que é falso e uma ilusão substituir tanto daquela porta para lá por horas sentado em frente a um monitor, que também dá respostas às perguntas mas, se se carregar no botão apaga-se ao contrário daquela porta para fora.
Mas sou eu e mais uns. Somos muitos, fica sabendo que, este post, muitos afiam-se para escrevê-lo. Dominas-nos, nós sabemos. Eis a diferença, não percebes meu querido computador?
Não, claro que não. Massificas-te o teu domÃnio e perdeu-se-te esse pormenor. Tu ligas-me, iluminas dias e noites no teu branco opaco para as nossas letras em negro, e eu escrevo-te e nós lemo-lo, e tu não sabes que o púlpito que me (nos) concedeste é-o em carta aberta que te faço, fotografia da máscara que me mostras quando te iluminas. Mas eu já vivia antes de te ter ligado a primeira vez, gesto de que tu nunca te orgulharás.
O dedo suicida ao outro de mim que se perdeu, um dia poderá sê-lo fatal para ti, meu querido computador.
Dás-me muito e muitas são as moedas de troco que te dou, tempo que falta para além daquele que era desperdiçado e que não deixa saudade, mais algumas coisas que deixasse de fazer e eram agradáveis. Contas complicadas de acertar.
Sabes que me dói a mão do rato, minha máquinazinha? Que, mesmo quando escrevo, há um formigueiro que se escapa nos dedos, qual choque eléctrico permanente, e acelero a busca das letras para as palavras num frenesim que tenta acalmar a marca que me fizeste, meu querido computador? Gosto de ti e detesto-te, eis-me sentado à tua frente e a dizê-lo, servindo-me de ti.
Dominas-me, eu sei e quis dizer-to para ambos pensarmos este novo viver, amantização com altos e baixos, dores novas mas também prazeres, tantos. As minhas narinas tremem enquanto cheiro em ti odores novos, sedutores, mas a mão e o braço dóiem-me e há o protesto animal da carne, sujeita à ditadura do teu rigor constante de máquina que quer ser alimentada pelo seu servo, eu, nós.
Meu querido computador:
Lê-me, porque eu escrevi-te mas há mais olhos postos em ti.
5 Comments:
Bem malhada, Gil! _ muf.
Ah! esta relação de Amor/Ódio, viciante, sedutora, irreprÃmivel, por vezes urgente e que nos provoca tantas emoções e sobretudo nos dá a conhecer a pessoa que nós somos. th
Uma relação que se traduz em companheirismos, empatia, entendimento, por vezes doentio, um refúgio...
Eu penso que um dia talvez seja a salvação dos meus dias quando a tal reforma chegar.
A minha terá de chegar antes de o trabalho que desenvolvo se cansar de mim. E não ao contrário, como costuma acontecer.
A esta máquina terrÃvel, temos de lhe dizer que quem manda somos nós. É como qualquer animal, tem de sentir o nosso domÃnio, tem de ser submetida para nos respeitar. E a melhor forma de o fazermos... é desligá-la, sair para a rua, falar com PESSOAS. Torná-la apenas um objecto que utilizamos para nos servir.
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