segunda-feira, dezembro 20, 2004

"EVA do Natal"

Hoje, há minutos, meti num Grupo MSN o conto que abaixo reproduzo, e não é só para encher espaço por não escrever 'posts' há uns dias. Está engraçado.
Aqui, carece duma explicação sumária sobre algumas personagens, e que são:
"Eva": uma loira insaciável, mulher-fogo que nasce em aventuras eróticos com alguns episódios no Baú deste.
"Demmis": basquetebolista grego-americano que joga virtualmente no Ferroviário de LM, e goza a vida como mais nenhum. Um mangusso puro, daqueles que atrai pitinhas só por existir.
"Dª Amélia": ... das Mahotas, ourives afamada e que uma geração masculina não esquece, principalmente a militarmente mobilizada.
O "Frei", já sabem que é o devasso que aqui habita, em condomínio com insolúveis e pecaminosos problemas de gestão.
O resto, podem tentar descobrir no link que deixo a final, para o site onde estão os anteriores episódios burlescos desta saga (estão de 'trás para a frente', deverá iniciar-se pela página das primeiras mensagens; existem duas, e a pagina das mensagens abre por defeito na mais recente).
O João1 é o meu amigo João de Abreu, criador do site MSN Lourenço Marques - Maputo - Moçambique, que vive angustiado com os meus devaneios erótico-literários, descaradamente publicados num grupo de discussão que ostenta na porta 'para todas as idades'. Mas ele gosta duma boa brincadeira e dum texto apimentado...
Aqui vai então:
..............

"Eva pousou a revista no regaço e deixou o olhar perder-se no horizonte onde a mancha difusa ganhava contornos familiares, e suspirou. "-Outra vez. Ele"

Começava assim uma aventura da festa que é escrever nonsense com umas pinceladas eróticas, com o fito exclusivo de azucrinar o João1 ( :-) ) que, mal lê 'Eva', vem logo lesto de fita métrica e lançando olhar avaliador à saia acima do joelho, quando me lembrei da revista ‘Eva de Natal’, do ícone que é duma época em que as tv’s não ofereciam máquinas de lavar e viagens a Cancún como se duma campanha eleitoral permanente se tratasse, e sonhava-se Natal a Natal com um carro, um prémio que era disputado por clientes fiéis a quem as senhoras das tabacarias começavam a inquirir pelo São Martinho acerca das reservas para a ‘Eva do Natal’. A revista mais popular do país, chegado Dezembro.

Mas a memória deve ceder ao brilho da pele de Eva, os pêlos louros brilhando ao Sol que iluminava o princípio da tarde em Xinavane. Os seus olhos brilhavam do desejo que a acometia e os músculos tremiam ligeiramente, em desejo de apoteose dos sentidos que a dominava e erguia o peito sob o seu arfar, fazendo os bicos dos seios sobressaírem como estranhas rugas vivas na t-shirt que vestia. O vulto ao longe já não enganava, e as suas memórias voavam a outras tardes, quer estendidos no longo areal da praia da Costa do Sol após um almoço no restaurante do primo, quer em quartos de hotéis baratos e, durante mês e meio, na casa da amiga Dª Amélia, nas Mahotas, zona de cheias e doutras calamidades, pois até mangussos enchiam as suas noites dum exotismo como nunca encontrara em �frica, desde que para lá emigrara num vapor da Companhia Colonial de Navegação, fugindo a amantes mais possessivos e ao frio dos lençóis em Lisboa.

O aconchego que a sua insaciável feminilidade felina rapidamente reclamara, chegara com aquele estranho grego, a pretexto basquetebolista mas, parecia-lhe desde a primeira vez que os seus olhares se cruzaram, mais um dandy do Pireu que passava por ‘americano’ num báskett que enchia pavilhões e fazia as noites de quartas e sábados serem uma festa constante, um mero tipo que gostava de gozar a vida, tinha ideias fortes nessa convição e praticava-a ao sabor da maré. Por ele (e rezarão algumas crónicas d’época assim), teria jogado nos All Stars de Vegas, num monte da Lua ou, até, numa equipa de Nellspruit onde um certo empresário o descobrira, e importara para o Ferroviário. Um globe trotter da vida, sob capa da bola ao cesto.

Ela, sempre mulher de muitos ardores e lábios permanentemente molhados, sorrira à sua figura alta e desengonçada, estremecera com os seus olhos sorridentes e inteligentes e admirara a boca de lábios grossos, encimados por pequeno bigode. Sobre o todo uns pequenos caracóis que lhe davam – em benesse que o leitor concederá… a mínima genética helena que a já literariamente assumida obriga.

Demmis, nela, certamente muito encontrara que fizesse fixar o olhar e o desejo, e juntos os seus corpos celebraram ritos animais em que os seus ser explodiram em hino ao viver, à sensualidade convertida na posse completa do outro, pela entrega total. Mágico, e disso ela e o seu corpo sentiam saudades, chamemos-lhe também animais…

Após aventuras várias que meteram um tipo engraçado que todos chamavam ‘o preto do gabão’, rapaz de fenomenais recursos e alguma imaginação, Eva e Demmis juntaram mochilas com a Dª Amélia, ou melhor: fizeram uma salganhada com elas pois no saco-cama XXL dele chegaram a dormir os três, em prova de esforço do material comprado nos salvados dum exército que mudara algo precipitadamente de quartéis.

Mas tudo isso foi depois da sua estadia em Xinavane, então conjunta e que, pelos vistos dado que o outrora vulto eram já as suas inconfundíveis Levi’s 501 com um autocolante da Harley-Davidson num joelho, novamente em parceria, embora ela julgasse-se ‘a solo’ até há quinze minutos atrás, enquando folheava a revista e recordava os natais lisboetas, ‘continentais’.
O cabrão do grego chegara, até já tinha o descaramento de sorrir-lhe e ela, sentindo todo o seu corpo sorrir de desejo que a fazia ruborizar e, passando a mão de leve pelas pernas, sentindo os músculos contraídos, ferventes de excitação, levantou-se para o receber, deixando cair, vencida, a toalha que tinha sob o bikini que usava – encomenda que recebera ontem, via ‘pony express’, de remetente anónimo e com um pai natal de chocolate ao lado.

Aquele grego d’um raio sempre a perturbara como mais nenhum homem antes o conseguira, mas ela não reconhecia em si os sinais de paixão, não se sentia apaixonada.
Ocasionalmente até pensou nisso, mas faltava o toque romântico que compõe o ramo. Com ele, Demmis, era pelo corpo e pela maluqueira. Sexo e divertimento, pois se naquele era senhor de improvisações que faziam as noites serem premiéres contínuas, a sua atracção pelo insólito e o íman que era para a aventura, esses eram os ingredientes da panela que a fazia ferver, faltando os cheiros que, lamentava reconhecer, ele não transmitia, pese a força do fascínio do seu corpo suado, viril.

Já os corpos caminhavam para o abraço em que as peles se fundem e

(Veio o Frei e apagou a luz. Tenham mas é juízo, que é Natal. Comprem a Eva e podem ganhar uma batedeira eléctrica… lol) "


Web

Mais "Demmis" e "Eva" em: A Saga de Demmis