Arafat
Nos anos 50's um povo adquiriu o direito a uma nação mercê da unidade conseguida em cima duma tenebrosa constatação: eram perseguidos e vistos como estrangeiros em terras onde moravam há gerações, por serem um povo sem terra. Essa nação, Israel, nasceu sob antagonismo de todos os vizinhos, especialmente da Palestina que era de todos o que podia reclamar maior prejuÃzo pois também tinha as suas aspirações particulares bem sedimentadas.
Mais tarde esse vizinho, poderoso, ocupou e vexou a Palestina e a revolta eclodiu, natural. Arafat surge como lÃder, como a cara e a voz de unidade dum povo em luta contra um invasor, um opressor estrangeiro que lhe rouba terras e põe soldados a policiar as suas ruas, a revistar as suas casas.
Em 1972 Arafat está na Argélia e recebe como heróis nacionais os terroristas palestinos que acabam de destruir em Munique mais um pouco da paz e dos valores que a viabilizam. A fogueira da barbárie que varre o mundo também foi por ele muitas vezes atiçada, e de cada vez que as suas chamas se erguem há uma geração que cede o sorriso ao esgar do terror, e clama por novas fogueiras de vingança.
Em 198? recebe o Nobel da Paz em parceria com outro tão suspeito como ele. Foram medalhas polÃticas e não de valor especÃfico, mas o diálogo fazia-se; as balas esmoreciam e a esperança existia, e isso devia-se também aos seus actos concretos e não a retóricas para serem lidas a milhares de quilómetros.
Arafat era ou passava por ser o diálogo possÃvel, embora se suspeite que virava a cara para o lado quando à porta do seu gabinete passavam os fanáticos com os coletes da morte. Haverá até quem diga que os fomentava (e tanto pode ser verdade como não o ser) e que as suas negativas só se destinavam a soar à s portas que lhe interessava encontrar abertas.
Como lÃder polÃtico e militar teve actos mais que censuráveis pelo colectivo humano, criminalizáveis. Como teve outros de valor positivo e que não podem esquecer-se.
Morrerá dentro de dias, horas, nem sei se... Dizem que há uma máquina que o auxilia a respirar mas há olhos a mais fixos nele e nela, num circo de poder e de interesses que é aviltante em todo o lado e mais ainda em volta do leito da morte. Nem Arafat nem ninguém o merece, o homo sapiens tem direito à sua morte com mais dignidade que assistida por uma máquina que tantos olham com fés e interesses tão diferentes.
Arafat não é santo de meu altar pois abomino a chacina de civis, a selvajaria do terrorismo urbano, mas a causa por que ele lutou toda a vida é justa. Também por estes sentimentos contraditórios que sinto ao seu nome e imagem, a sua morte e as condições em que ela está a ser programada, discutida, retalhada, negociada, aviltada! é um espectáculo que me perturba.
Será feito Ãcone e, como outros doutras lutas, os historiadores se encarregarão de descobrir-lhe os pés de barro e mais o que por lá haja. Mas, para já, merece morrer com dignidade, sem o aviltamento deste circo polÃtico e mediático que o rodeia e o asfixia, sem que alguma máquina possa ajudá-lo.
Mais tarde esse vizinho, poderoso, ocupou e vexou a Palestina e a revolta eclodiu, natural. Arafat surge como lÃder, como a cara e a voz de unidade dum povo em luta contra um invasor, um opressor estrangeiro que lhe rouba terras e põe soldados a policiar as suas ruas, a revistar as suas casas.
Em 1972 Arafat está na Argélia e recebe como heróis nacionais os terroristas palestinos que acabam de destruir em Munique mais um pouco da paz e dos valores que a viabilizam. A fogueira da barbárie que varre o mundo também foi por ele muitas vezes atiçada, e de cada vez que as suas chamas se erguem há uma geração que cede o sorriso ao esgar do terror, e clama por novas fogueiras de vingança.
Em 198? recebe o Nobel da Paz em parceria com outro tão suspeito como ele. Foram medalhas polÃticas e não de valor especÃfico, mas o diálogo fazia-se; as balas esmoreciam e a esperança existia, e isso devia-se também aos seus actos concretos e não a retóricas para serem lidas a milhares de quilómetros.
Arafat era ou passava por ser o diálogo possÃvel, embora se suspeite que virava a cara para o lado quando à porta do seu gabinete passavam os fanáticos com os coletes da morte. Haverá até quem diga que os fomentava (e tanto pode ser verdade como não o ser) e que as suas negativas só se destinavam a soar à s portas que lhe interessava encontrar abertas.
Como lÃder polÃtico e militar teve actos mais que censuráveis pelo colectivo humano, criminalizáveis. Como teve outros de valor positivo e que não podem esquecer-se.
Morrerá dentro de dias, horas, nem sei se... Dizem que há uma máquina que o auxilia a respirar mas há olhos a mais fixos nele e nela, num circo de poder e de interesses que é aviltante em todo o lado e mais ainda em volta do leito da morte. Nem Arafat nem ninguém o merece, o homo sapiens tem direito à sua morte com mais dignidade que assistida por uma máquina que tantos olham com fés e interesses tão diferentes.
Arafat não é santo de meu altar pois abomino a chacina de civis, a selvajaria do terrorismo urbano, mas a causa por que ele lutou toda a vida é justa. Também por estes sentimentos contraditórios que sinto ao seu nome e imagem, a sua morte e as condições em que ela está a ser programada, discutida, retalhada, negociada, aviltada! é um espectáculo que me perturba.
Será feito Ãcone e, como outros doutras lutas, os historiadores se encarregarão de descobrir-lhe os pés de barro e mais o que por lá haja. Mas, para já, merece morrer com dignidade, sem o aviltamento deste circo polÃtico e mediático que o rodeia e o asfixia, sem que alguma máquina possa ajudá-lo.
3 Comments:
VIVER E MORRER COM DIGNIDADE! É UM DIREITO DO SER HUMANO, SEJA ELE QUAL FÔR, POR QUE É A NÓS MESMOS QUE ESTAMOS A RESPEITAR.
Não venho cá para comentar o 'post', mas para te dar os parabéns por teres conseguido escrevê-lo. Tentei, ao longo dos últimos dias, mas não saiu nada..._ beijo, IO.
Carlos parabéns.
Recebeu o prémio nobel em 1994...
Roubei-to para o meu cantinho...se achares mal diz-me...
LuÃsa
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